Após deixar Google, “padrinho da IA” alerta sobre perigos dos robôs virtuais
- Publicado em: 04/05/2023
- Autor: Upquery

Os rápidos avanços da Inteligência Artificial (IA) têm levantado muitas ressalvas. Ao que tudo indica, até mesmo Geoffrey Hinton, considerado o “padrinho da IA” está alarmado quanto aos riscos dessa tecnologia. Para o cientista da computação e psicólogo cognitivo, a corrida agressiva das grandes empresas para desenvolver novas soluções está ficando perigosa.
Recentemente, Hinton deixou de fazer parte da equipe Google e declarou que está arrependido do seu trabalho dedicado para o desenvolvimento de inteligências artificiais. Parte disso estaria relacionado às possibilidades de crimes cibernéticos, mas, também da utilização da ferramenta para finalidades suspeitas ou desnecessárias.
“É difícil ver como impedir maus agentes de usarem isso para fazer coisas ruins”, disse Hinton. A grande questão é que, como possuem uma inteligência muito vasta, essas soluções artificiais também podem esconder perigos até então desconhecidos para a humanidade.
Para a BBC, o especialista afirmou que os chatbots (robôs virtuais) oferecem riscos bastante assustadores. “Neste momento, eles não são mais inteligentes do que nós, até onde eu sei. Mas acho que em breve poderão ser. O que estamos vendo são coisas como o GPT-4 superar uma pessoa na quantidade de conhecimento geral que ela tem, e a supera de longe”, avalia.
Hinton ainda afirma que os sistemas digitais funcionam de modo muito diverso em comparação com a capacidade humana. “É como se você tivesse 10 mil pessoas, e sempre que uma delas aprendesse algo, todas automaticamente aprenderiam. E é assim que esses chatbots são capazes de saber muito mais do que qualquer pessoa.”
Os feitos de Hinton
Quanto à demissão do Google, o cientista disse que a sua idade seria a grande questão, já que hoje tem 75 anos. Hinton atua no campo de pesquisa há 50 anos e, em 2012, o sistema matemático de redes neurais, base das tecnologias de aprendizado de máquina, foi desenvolvido por ele e por dois de seus alunos.
Após isso, o cientista e a sua equipe foram contratados pelo Google, onde trabalhou por mais de uma década. Para ele, os modelos de aprendizado artificiais sempre tiveram capacidade inferior aos conhecimentos humanos. Porém, conforme a evolução da IA, o cientista começou a temer que a tecnologia substituísse a capacidade humana.
Especialistas assinam carta pública
A rápida adesão às ferramentas IA, ChatGPT e Midjourney, tem preocupado os especialistas nesses últimos semestres. Por isso, envolvidos no segmento buscam desenvolver novos protocolos de segurança para lidar com essa tecnologia que ainda gera muitas dúvidas.
Neste último mês, cerca de mil deles assinaram uma carta pública solicitando uma pausa nos treinamentos dos algoritmos. Logo depois, a Associação pelo Avanço de Inteligências Artificiais também divulgou um documento que alerta sobre potenciais riscos da IA.