Blockchain: Unicamp desenvolve sistema para rastrear ciclo de vida de baterias
- Publicado em: 22/11/2023
- Autor: Upquery

Um novo estudo brasileiro usará a tecnologia de blockchain para rastrear a cadeia produtiva de baterias. Com foco na regularização e sustentabilidade deste tipo de fabricação, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou um projeto que irá desenvolver uma espécie de “passaporte digital”. A proposta é obter informações e monitorar o ciclo de vida dos dispositivos através de um sistema baseado em blockchain.
A plataforma fará o mapeamento completo de baterias de qualquer tipo e finalidade, contemplando fabricantes de automóveis, de celulares, indústrias e também o governo. Para isso, uma plataforma online está sendo criada para permitir a conexão de diferentes empresas em uma mesma cadeia de dados. Assim, será possível rastrear informações desde a extração do minério até o momento de descarte e reciclagem dos dispositivos.
O professor e coordenador do projeto, Hudson Zanin, explicou como irá funcionar o sistema. “É como se você colocasse um chip de rastreamento nelas, em todas as etapas pelas quais elas passam, para mapear os processos e saber o quanto emitem de gás carbônico, quanta energia elétrica e água foram utilizadas e quem são os responsáveis por fazer a reciclagem”.
Regularização de produção de dispositivos
O estudo conta com um grupo de 15 pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Unicamp e está sendo viabilizado através de um financiamento da multinacional francesa TotalEnergies. O projeto partiu da necessidade de regularizar a produção e descarte.
Atualmente, os dados de fabricação e destinação ainda são confusos, não confirmando quem são os donos das baterias e de quais maneiras estão sendo descartadas. Essa realidade gera um grande volume de dispositivos obsoletos que tende a aumentar bastante nos próximos anos.
A Unicamp também usa como referência a União Europeia que aprovou a regulamentação das baterias fortalecendo as regras de sustentabilidade. O sistema fornecerá modelos que preveem o estado de saúde das baterias oferecendo estratégias para carregamento e descarregamento, classificação, avaliação de nível de risco e otimização do reaproveitamento.
Dados para uma fabricação otimizada
Zanin afirma que a proposta é transformar os processos produtivos de maneira sustentável através de uma maior transparência dos processos. O coordenador explica que em sua cadeia logística as baterias passam por diferentes importadores e fabricantes.
“É preciso saber quem vai cuidar da reciclagem das baterias. Saber quem de fato é o dono da bateria entre o fabricante e o usuário final”, acrescentou. Mas, além do fator sustentabilidade, a plataforma também será positiva para a redução de custos em sua produção. Desse modo, o uso de dados irá auxiliar nas estratégias produtivas e comerciais.
“Com isso, você pode prever quanto tempo ela (bateria) vai durar. Do ponto de vista comercial, isso faz uma grande diferença nos modelos de negócio. Não se trata apenas da questão ambiental”, defende. Além disso, Zanin afirmou que os dados do sistema serão criptografados visando a segurança e privacidade.
Este estudo faz parte de um acordo de R$ 22,9 milhões firmado em junho pela Unicamp e a TotalEnergies prevendo a execução de seis projetos nas áreas de energia solar e baterias. A previsão é que o sistema seja concluído em aproximadamente três anos, tempo estimado para a realização do estudo.